Enquete do PL 412/2011

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 412/11, do deputado Hugo Leal (PSC-RJ), que estabelece normas sobre a responsabilidade civil do Estado nos casos de danos a terceiros, seja por ação ou por omissão. Entende-se por Estado: poderes Executivo, Legislativo e Judiciário federais, Ministério Público da União,  Tribunal de Contas da União, estados, Distrito Federal, municípios e suas respectivas autarquias e fundações públicas; empresas públicas e sociedades de economia mista e suas subsidiárias, prestadoras de serviços públicos;  e concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviços públicos. A definição abrange também todas as pessoas privadas que, sob qualquer título, prestem serviços públicos (como cartórios, por exemplo). Conforme o projeto, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Se houver dolo (intenção) ou culpa (dano não intencional) do funcionário ou servidor, este deverá recolher aos cofres públicos no prazo de 30 dias o valor total da indenização paga pelo poder estatal, atualizado monetariamente. Se não recolher a quantia devida, o Estado moverá ação de regresso no prazo de 30 dias, para obter o resssarcimento pela via judicial. Ação e omissão Conforme o projeto, as pessoas, entidades ou empresas, individualmente ou coletivamente, podem pleitear a reparação do Estado por danos causados das seguintes formas: - ação: a atuação mediante atos jurídicos, medidas e operações materiais; - omissão: a inércia, a falta ou insuficiência de atos jurídicos, de medidas ou de operações materiais, a ausência de atuação adequada em situação de risco, o descumprimento de dever imposto pelo ordenamento jurídico; - falta do serviço: o não-funcionamento ou o funcionamento insuficiente, inadequado, tardio ou lento; - fato: evento em que o dano ocorre por falha ou defeito em equipamentos, máquinas, objetos ou bens em geral, pertencentes ou sob os cuidados das pessoas jurídicas responsáveis; ou pela existência de uma situação de risco, sem a necessidade de identificação do causador do dano. Normas gerais Os débitos correspondentes a indenizações decorrentes de decisões da responsabilização civil do Estado têm natureza alimentar e de dívida de valor. Os recursos interpostos e os embargos opostos pelo devedor não terão efeito suspensivo. A ação de responsabilidade civil do Estado prescreve em cinco anos. O projeto prevê que, do ponto de vista dos atos legislativos, o Estado responderá por danos causados pela incidência ou aplicação de dispositivo legal que for declarado inconstitucional pelo Poder Judiciário. No caso dos tribunais e conselhos de contas, o Estado é responsável quando ministro ou conselheiro agir com dolo ou fraude. O Estado também deverá indenizar o condenado por erro judiciário e aquele que ficar preso além do tempo fixado na sentença. Em relação ao Ministério Público, o Estado responde quando seus membros procederem com dolo ou fraude, ou fizerem uso indevido das informações e documentos que obtiverem, inclusive nas hipóteses legais de sigilo. Hugo Leal explica que aproveitou na íntegra texto apresentado em 2009 pelo ex-deputado Flávio Dino (PL 5480/09), a partir de sugestão envida à Câmara pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. À época da, Flávio Dino explicou que a proposta foi elaborada por uma comissão do Ministério da Justiça e da Advocacia-Geral da União, em 2002, presidida pelo jurista Caio Tácito. Tramitação A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será analisada pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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